Língua e economia

Uma medida radical

Em Julho de 2003 a OCDE publicou um relatório no qual se aponta a necessidade de os países da UE investirem em abrangentes reformas estruturais para assim poderem apoiar uma recuperação económica. Segundo a agenda da União, que teve lugar em Lisboa, a UE será a região mais dinâmica e com maior força de concorrência no mundo em 2010. A OCDE não deixou de apontar que para isso seria necessário tomar medidas mais radicais do que as tomadas até aqui. O meu comentário a isto é que uma medida verdadeiramente radical seria o uso de um idioma comum de trabalho. Só quando isso acontecer é que a União terá condições para se tornar uma forte e integrada unidade económica. Num futuro próximo desapareceriam as barreiras de comunicação existentes entre engenheiros e directores portugueses, suecos e ingleses. Ainda que demore alguns decénios até que a UE adopte um idioma de trabalho comum, isto dar-se-ia muito mais rapidamente no sector empresarial devido ao forte incitamento económico. Numa união de carácter económico é muito mais importante ter o mesmo idioma de trabalho do que ter uma moeda comum, embora esta também seja importante. Estimado político, o senhor é responsável pela economia de todos nós. Assuma essa responsabilidade.

Formação profissional ou catástrofe

H G Wells disse que a história do homem está cada vez mais a tornar-se uma competição entre formação profissional e catástrofe.

Os EUA, uma federação de 50 estados, é o primeiro país industrial do mundo. O que mais contribui para isto é o facto de todos esses 50 estados terem a mesma língua, compreenderem-na, e ela ter-se tornado a língua internacional predominante não só nas relações políticas internacionais como nas esferas comerciais, da técnica e da investigação.

Um americano não necessita dedicar anos da sua juventude com a aprendizagem de línguas estrangeiras ainda que queira ser engenheiro ou dedicar-se à investigação. Por que é que ele havia de fazer isso? Quem o tem que fazer são aqueles que não têm o inglês como língua materna. Isto é em si uma grande vantagem dos naturais falantes de inglês dado que não precisam de ”perder tempo” com a aprendizagem de línguas. Mesmo assim, todo aquele que não tiver o inglês como língua materna, como profissional, não compreenderá tudo o que ler de literatura especializada ou quando participar em congressos internacionais em que o inglês seja a língua usada.

A História também é importante

Por muito que obriguemos a nossa juventude a estudar línguas, esta desvantagem linguística manter-se-á e irá até aumentar. Isto explica-se pelo desenvolvimento técnico cada vez mais rápido num mundo cada vez mais complicado. Alguns dos anos que os nossos jovens são obrigados a estudar línguas estrangeiras podiam ser dedicados de preferência, por exemplo, à formação profissional, a estudar história, literatura, matemática ou a trabalhar. Mas para as gerações vindouras o conhecimento de línguas será cada vez mais importante. Contudo, o cérebro dessas gerações terá os mesmos limites que os nossos. Como poderão então satisfazer a exigência de ainda maiores conhecimentos linguísticos? Bem, se os nossos políticos quiserem, o problema pode solucionar-se muito simplesmente. Isto porque há um idioma internacional que é facílimo de aprender. Se os políticos da UE fizessem deste idioma o idioma de trabalho da União, então ele tornar-se-ia em breve o idioma da ONU, e a língua comum, internacional, para a comunicação e ciência.

A explicação mais provável para as diferenças no crescimento económico das nações com sistemas políticos semelhantes, é o seu grau de conhecimentos, isto é, a escolaridade dos povos. Isto significa que, se os jovens num determinado país têm de dedicar dois anos inteiros do tempo de escola a aprender inglês antes de começarem a trabalhar, os países onde a juventude tem o inglês como língua materna terão um desenvolvimento económico muitíssimo melhor.

Há, evidentemente, ainda outros factores que são importantes para o crescimento económico. Inexistência de corrupção, por exemplo, boas infra-estruturas, normas estáveis de mercado, um nível alto de investimento e um custo de mão de obra proporcional ao dos países concorrentes.

Negócios internacionais falhados

Quer queiramos ou não temos de aceitar o facto de que já não existem quaisquer economias nacionais, e que caminhamos cada vez mais para uma economia global e integrada. O comércio entre as nações exige comunicação entre vendedor e comprador, o que por sua vez exige um idioma que ambos conheçam bem para que não surjam mal-entendidos. Quantos negócios não se têm feito entre suecos que falam um mau inglês e japoneses que falam um inglês igualmente mau? Segundo a firma de juristas Baker McKenzie, com actividade internacional e escritórios em 35 diferentes países, são provavelmente os mal-entendidos o principal motivo de negócios internacionais malogrados.

Dificuldades linguísticas dificultam o comércio entre os países do mundo, e os gastos com traduções são muito elevados. Gastos que, no final de contas, é o consumidor que tem de pagar. Os mal-entendidos devidos a compreensão deficiente de línguas custam à população mundial, anulamente, muitos biliões de euros. Queras dar uma solução a isto?

Países pobres não se podem dar ao luxo de fazer maus negócios

Os países pobres não podem estar sujeitos a fazer maus negócios devido a um conhecimento deficiente de línguas.

Se os jovens do mundo aprenderem esperanto em vez de, durante anos, estudar um idioma que a maioria deles nunca acabará por dominar, então terão tempo de sobra para aprender outras matérias importantes para a economia do país e relacionadas com a profissão. Isto resultará num aumento do nível geral de cultura e do nível de vida. Também lhes sobrará tempo para estudar a língua materna e história.

Há estudos que mostram claramente que o comércio e investimentos são maiores em regiões com um idioma comum. É óbvio que o esperanto não irá substituir a língua materna de nenhum país. Pelo contrário, um dos objectivos do seu uso é que ele contribua para a manutenção das outras línguas, mas numa UE ou num mundo do futuro, onde todos ou a maioria dominarem duas línguas - a materna e o esperanto - não existirão mais quaisquer barreiras linguísticas. E isto irá favorecer indubitavelmente o comércio, investimentos, e proporcionará bem-estar.

O idioma internacional comum a todos os países livres

Se todos os povos do mundo puderem comunicar entre si, isto proporcionará uma troca de ideias e pensamentos, bem como uma solidariedade internacional, coisas que só os dirigentes de países sem liberdade terão motivo para recear. É claro que os cidadãos desses países não aprenderão o idioma internacional comum a todos os países livres, mas a verdade é que nenhuma nação pode subsistir sem relações internacionais. Mas o esperanto é tão fácil, que quem tiver sede de notícias acabará por aprendê-lo quer o permitam ou não.

Um uso mais geral do esperanto vai contribuir para uma divulgação mais rápida de novos conhecimentos, e novas técnicas serão também assimiladas com rapidez. Fomentará estudos e a ciência, estudantes e investigadores poderão ir buscar informação para além da própria área linguística. Uma maioria dos cientistas de hoje só sabem a sua língua materna, seja ela o francês, o inglês, o chinês, o russo ou o espanhol.

Todos ganharão com isto - É verdade

Todos nós ganharemos com a possibilidade de comunicar livremente através de um idioma internacional neutro. O que não é bom é que um idioma de um país também se torne no único idioma internacional, porque então ficamos com uma forma de imperialismo linguístico, o qual acabará por fazer desaparecer muitas outras línguas nacionais, além de originar um nivelamento global de culturas. Isto, por seu turno, irá provocar manifestações de desagrado nacionais e inquietação política pelo mundo.

Se a UE escolher o esperanto para sua língua oficial, tal decisão significará muitíssimo para todos os países pobres, porque os seus jovens em idade escolar aprenderão esperanto muito mais depressa e a um custo mais baixo do que qualquer outra língua. Entre outras coisas, isso fomentará uma expansão global de novas técnicas que elevarão o nível de vida. Porque para que uma técnica nova possa ganhar terreno num país, não basta que um grupo de engenheiros da capital tenha conhecimento dela.

Vinte vezes mais línguas do que na Europa

Muitos africanos, cultos, apoiam o uso do esperanto porque são de opinião que só esta língua os poderá libertar da obrigatoriedade linguística dos velhos poderes coloniais, conduzindo a contactos igualitários com outros países. Em África há vinte vezes mais línguas do que na Europa (cerca de 2000, repectivamente cerca de 100), embora o número dos cidadãos que as falam seja aproximadamente o mesmo nos dois continentes. Pôr em prática o esperanto será um gesto de goodwill e solidariedade para com os países pobres de todo o mundo. Países pobres não têm meios para manter os alunos a estudar inglês durante vários anos, além de que isso não lhes traz qualquer proveito. O esperanto como língua internacional aumentaria os contactos entre as nações, sobretudo dos países pobres entre si. Até hoje, os países africanos não conseguiram pôr-se de acordo quanto a uma língua comum para os contactos entre eles.

É melhor ser-se rico e ter saúde, do que ser-se pobre e estar doente.

Se o mundo se puser de acordo quanto ao uso de uma língua comum, internacional e de aprendizagem fácil, isso terá uma importância incomensurável para a saúde mundial. Também no teu país.

Deixa-me explicar-te:

Um idioma comum formentaria isto: os conhecimentos sobre os direitos humanus (segundo a ONU) espalhar-se-iam em todos os países. (ver acima) E quando os direitos humanos são respeitados numa sociedade, isso beneficia o estado de saúde da população. Isto porque o bem-estar e um bom estado de saúde só podem existir quando todos os direitos humanos estiverem implementados numa sociedade. O direito á saúde não pode ser um caso à parte.

Um idioma comum internacional irá favorecer a expansão de uma nova tecnologia médica por todos os países do mundo, bem como favorece e embaratece a formação profissional e complementar de médicos, enfermeiros e outro pessonal paramédico.

Um idioma comum internacional iria favorecer o desenvolvimento económico de todas as nações. Ver acima. A economia e o desenvolvimento social são factores essenciais e decisivos para a saúde. Neste ponto há uma troca constante de efeitos. Um sector eficaz de saúde fomenta a economia de uma sociedade, e quando a economia melhora há possibilidades de criar uma infra-estrutura eficaz, a qual por sua vez melhora consideravelmente o estado de saúde da população, o qual por seu turno melhora a economia, e assim por diante.

Por infra-estruturas consideram-se, com um funcionamento normal, escolas, estradas, ligações ferroviárias, aeroportos, portos, centrais eléctricas, distribuição de energia, abastecimento de água, sistema de esgotos, recolha de lixos, comunicações telefónicas, etc.


© Hans Malv, 2004